Domingo, 22 de maio de 2011, céu azul, com poucas nuvens, tudo encaminhado para mais um domingo de praia em família na capital pernambucana. No entanto esse não era um dia comum para o povo recifense. Primeiro porque não me lembro de um domingo tão ensolarado como este nos últimos 45 dias, nosso período de chuvas talvez esteja sendo um dos mais intensos dos últimos anos; depois, foi dia também, de presenciarmos a festa em comemoração a conquista do campeonato estadual de futebol pelo Santa Cruz que, sem dúvidas, é o grande time do futebol brasileiro que pior estreou no século XXI, ou seja, a cidade era coral; e por fim, aconteceria o evento ao qual gostaríamos de nos referir: a Marcha da Maconha 2011. Como disse, não era um domingo comum na cidade!
A Marcha é um movimento de nível nacional, e internacional, de luta pela descriminalização do uso de maconha. No Recife ela está em sua quarta edição, onde, desde 2008, arrasta uma pequena multidão pelas ruas do antigo bairro portuário do Recife. Este ano a Marcha teve como local de concentração a Rua da Moeda, localidade acordada entre os organizadores do evento e o Ministério Público de Pernambuco após uma semana de muita polêmica e tentativas de proibição do ato.
Toda esta polêmica em cima da passeata, acompanhada dos incidentes ocorridos no evento de São Paulo na véspera, onde a polícia usou da força para dispersar a multidão, de início pareceu que iria esvaziar o protesto. As 14:30h, meia hora antes da marcada para a concentração, não seria exagero dizer que havia mais policiais que manifestantes no local. Fato que acreditamos ter sido provocado pela proibição das autoridades do consumo da erva no evento...
Por volta das 15:20h, após conversa com o comandante da operação policial e uma dezena de perguntas respondidas aos repórteres, deu-se inicio a caminhada que iria passar pelas ruas da Moeda, Madre Deus, Ponte Giratória, cais de Stª Rita, ponte Mauricio de Nassau, novamente Madre Deus e encerrando-se na Moeda. Neste momento já eram cerca de 600 cabeças feitas no local, que logo chegaram a pouco mais de mil pessoas, acompanhadas de perto por 30 policiais e uma viatura da Companhia de Trânsito da Cidade. Assim, por volta de uma hora, os manifestantes percorreram às ruas gritando palavras de ordem, cantando e discursando, abordando temas que foram desde a reclamação à inflação do preço da erva na cidade, passando por questões da redução de danos, benefícios e utilidades clínicas e terapêuticas da planta até questões econômicas e trabalhistas que envolvem o cultivo da planta.
Deste modo, sem nenhum incidente e com opiniões claras e seguras, a Marcha da Maconha 2011 passou pelas ruas do Recife, se mostrando um movimento civil democrático, organizado e pronto para trazer de vez o assunto para a discursão em sociedade.
